quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

"Lota já sabia"

Elio Gaspari prossegue em sua defesa pela integridade do projeto original do Parque do Flamengo e pede atenção do IPHAN.

"Lota já sabia"

"Para os arquivos do prefeito Eduardo Paes e da doutora Jurema de Sousa Machado, presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

No dia 28 de outubro de 1964, o governador Carlos Lacerda pediu ao criador do Iphan, Rodrigo Mello Franco de Andrade, o tombamento do parque do aterro do Flamengo. Foi atendido.

Em dezembro daquele ano, Lota de Macedo Soares, a quem se deve a maravilha, enumerou para o doutor Rodrigo todas as obras e edificações do parque, "feitas ou a fazer". Lá está uma "marina na enseada da Glória". Não há previsão de auditórios, estacionamentos ou centro de convenções. Até aí, nada de novo. O relevante na carta de Lota foi sua premonição:

`Pelo seu tombamento, o parque do Flamengo ficará protegido da ganância que suscita uma área de inestimável valor financeiro, e da extrema leviandade dos poderes públicos quando se trata da complementação ou permanência de planos´.

O parque foi tombado. Se Paes ou Souza Machado olharem em volta, verão a `ganância´. Se deixarem que se construa um mafuá na área da marina, verão no espelho a `leviandade dos poderes públicos´."


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A Marinax de Eike Batista
“O doutor Eike Batista quer construir um centro de convenções na Marina da Glória, espetando um prédio com 15 metros de altura no aterro do Flamengo. Para ter uma ideia do que isso significa em termos de escala, o Museu de Arte Moderna, a mais alta e bela edificação do pedaço, tem 17 metros de altura e foi projetado por Afonso Reidy, um dos criadores do aterro. O doutor também quer criar um estacionamento privado para 750 carros.
A capacidade de persuasão de Eike Batista junto aos mandarins do Rio é infinita. Pede-se apenas que não deixe sua infantaria repetir que a cidade precisa de um centro de convenções naquele lugar.
Se o negócio é esse, por que não apresenta um projeto desse tipo ao prefeito Michael Bloomberg? Que tal colocá-lo no Central Park?
Em Nova York, quando se decidiu construir um centro de convenções, ele foi colocado numa área que precisava de revitalização. O Javits Center reergueu um pedaço do lado oeste da ilha. No projeto do Porto Olímpico do Rio, ao lado da estação da Leopoldina, numa área que precisa de revitalização, está reservado um terreno para um centro de convenções. Querem micá-lo?
O que o doutor quer fazer não é uma marina, mas um centro de atividade comercial, numa área tombada pelo Patrimônio Histórico. A tolerância das autoridades encarregadas de zelar pelo aterro permite que a concessão da Marina seja usada por mafuá de eventos onde outro dia desabou uma estrutura de metal, matando uma senhora.
Batista diz que gosta do Rio. Recomenda-se que peça ao cineasta Bruno Barreto uma cópia do filme que ele está fazendo sobre a vida da criadora do aterro, Lota Macedo Soares, e sua relação com a poeta americana Elizabeth Bishop. Vendo Lota e a expressão de seu amor à cidade medirá suas palavras e seus projetos.”

Elio Gaspari

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Novo projeto para apropriação do Parque do Flamen


É oficial: o Sr. Batista ainda não desistiu de ficar com parte deste Parque Público.

Mas, pelo que foi publicado no jornal "O Globo", desta vez tudo fica completamente claro. É mesmo um investimento comercial: um prédio para vender novos negócios, com lojas e Centro de Convenções.

Claro que, como empresário que é, tudo associado ao seu novo hotel, o Glória, "reformado" com recursos públicos do BNDES.

A luta contra a apropriação privada de bens públicos de uso comum do povo se reinicia.  Será que ela algum dia arrefecerá, ao menos?