quinta-feira, 2 de julho de 2009

CARTA DO PRESIDENTE DA FEDERAÇÃO DE REMO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO SOBRE OS "BARCOS AO MAR"

Relato dos acontecimentos do dia 21/06/2009 ocorridos durante a cerimônia de relançamento de barcos ao mar

Um dos objetivos da cerimônia era tornar publica a intenção dos clubes Boqueirão, Internacional e Santa Luzia, de formar uma associação para gerir o futuro Centro Náutico do Calabouço, ainda em fase de planejamento. Estes 3 clubes cederiam parte de suas instalações para formar o centro náutico de remo e canoagem.
Serão 3 projetos distintos de obras civis e aquisição de material, mas integrados sob um mesmo teto e área externa, a ser submetido ao Ministério do Esporte. A planta arquitetônica preliminar foi mostrada no evento. O outro objetivo era denunciar e exercer, através de um ato simbólico, o direito de colocar barcos ao mar, numa área publica que foi cercada por empreendimento privado.
Para atender sua necessidade de expansão e tornar-se um novo Centro de Convenções na cidade, a Marina da Gloria pretende deslocar sua parte náutica operacional para a área defronte aos clubes do Calabouço. Mesmo sem licença de uso do espelho dágua, em área alem daquela onde tem permissão, a Marina cercou toda a enseada da Gloria, fechando com tapumes a entrada da antiga rampa onde os clubes de regatas colocavam seus barcos ao mar.
Na 1a parte da cerimônia, foi feito um breve histórico dos clubes do Calabouço, desde suas fundações na rua Santa Luzia no final do século retrasado, passando pela campanha para obtenção de novos terrenos em função da reurbanização do Castelo (1938-1941), a interferência do presidente Getulio Vargas garantindo que os clubes terão seus espaços, a Lei 905/57 que regulamentou a atual cessão, o aterro do Parque do Flamengo e a instalação dos clubes no Calabouço com uma rampa publica de servidão para acesso ao mar (ainda hoje área da União, fora do Parque do Flamengo), as regatas no mar nas décadas de 1970 e 80, a construção do enrocamento em meados da década de 80 "matando" a raia de 1000 metros e, mais recentemente, as tratativas da FRERJ, a pedido dos clubes, para mediar e defender, primeiro com a Marina (2006) e agora (2008-9) com o poder publico (MPF, IPHAN) o acesso ao mar dos clubes do Calabouço.
Também foi mencionado o projeto de revitalização do remo na Baia de Guanabara ainda em analise no Ministerio do Esporte e, por fim, apresentamos rapidamente o projeto do Centro Náutico do Calabouço e as perspectivas de organizar, tendo por base este centro náutico, maratonas náuticas na BG abertas para qualquer tipo de barco movido pela força humana. Antes de passarmos para a 2a parte da cerimônia foi feito um agradecimento especial ao CR Guanabara pelo envio de yoles e caiaques para recepcionar o barco do Boqueirão no mar. Enquanto esperavam, na água, defronte ao clube Boqueirão, os barcos do Guanabara foram abordados por seguranças, em lancha da Marina, para que saíssem do local. Obviamente, ignoraram o pedido e juntaram-se aos protestos e gritos de repudio do pessoal em terra. Na 2a parte da cerimônia, uma yole-2 do Boqueirão foi levada até a entrada da antiga rampa, onde foi pedido ao segurança que guardava o local para que abrisse o portão para que pudéssemos colocar o barco no mar. Frente a negativa do funcionário e (por radio) de seu superior, decidimos voltar para a mureta de fronte ao Boqueirão e daí, através de uma escada, entramos na área (publica) que fôramos impedidos e, cautelosamente, passamos de mão emmão a yole até o mar, no meio das pedras, pois a antiga rampa foi destruída pela empresa que, sem licença, ocupa o local. Sob aplausos, Guedes, Angelo e seu filho Breno (no lugar do timoneiro), com a camisa do Boqueirão, deram uma volta na enseada no meio dos barcos do Guanabara.
Ao tirarmos o barco da água, já sob os olhares de numerosos seguranças e da policia militar, recebemos a informação que não precisaríamos voltar por onde entramos (pulando a mureta) pois os portões estariam abertos. Aceitamos a oferta e saímos pelo mesmo local onde primeiramente havíamos pedido para abrirem o portão.
A cerimônia foi um sucesso e atingiu seus objetivos, que agora são públicos: a movimentação dos clubes do Calabouço na formação de Centro Náutico e a disposição de lutarem pelo acesso ao mar. A FRERJ, obviamente, estará sempre junto a eles nestes objetivos.

Alessandro Zelesco
Presidente FRERJ

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